Linguagem Libras Facebook X Intagram YouTube Linkedin Site antigo
logomarca da FAPERJ
Compartilhar no FaceBook Tweetar Compartilhar no Linkedin Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Email Imprimir
Publicado em: 11/08/2022 | Atualizado em: 11/08/2022

A Independência do País vista pela lente da imprensa de 1922

Claudia Jurberg

Edição do jornal Correio da Manhã, que circulou em 7 de setembro de 1922: destaque para a abertura da Exposição Internacional (Fonte: Arquivo Nacional) 

Como os jornais brasileiros de 1922 noticiaram o centenário da independência? É possível traçar um paralelo com a divulgação da imprensa brasileira neste ano de 2022, no qual comemora-se o bicentenário da Independência? A pesquisadora Lucia Santa-Cruz, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, recebeu apoio da FAPERJ para investigar esses marcos temporais associados à data da Independência. O garimpo de notícias é feito no acervo da Biblioteca Nacional, identificando tudo que foi publicado sobre a efeméride entre as crônicas, editoriais, reportagens e outros gêneros jornalísticos.

Até o momento, foram analisados sete periódicos e três revistas, somando um total de 248 edições e 453 trechos que destacam a Independência do Brasil ou seu centenário. Os jornais do Brasil, do Commercio, Correio da Manhã, A Nação, A Noite, O Paiz, Gazeta de Notícias, Revista da Semana, Fono-Fon, O Malho e América Brasileira foram alguns dos que noticiaram o fato em 1921 e 1922. Além disso, Lucia Santa-Cruz também analisou o Livro de Ouro comemorativo da Independência do Brasil e da Exposição Internacional do Rio de Janeiro.

Entre os primeiros resultados, Lucia aponta que o conteúdo jornalístico expressava uma preocupação com a imagem do Brasil como uma nação consolidada, respeitável e sólida. Esta definição de imagem nacional, todavia, não parece estar voltada para a população local. "A atenção à percepção externa, ou seja, dos demais países, é constante nas notícias. O tom do noticiário circula em torno da repercussão das festividades no exterior e para os visitantes externos", ressalta.

Ela ainda conta que, até o momento, não encontraram no material analisado questionamentos de ordem política em torno da Independência, que aparece de modo naturalizado nas reportagens e textos jornalísticos. "A Independência é tratada como marco fundador da nação, mas sem que sejam apresentadas críticas ou revisões históricas do processo", destaca Lucia.

Lucia Santa-Cruz: estudo liderado pela pesquisadora compara noticiário da Imprensa em 1922 e 2022 acerca da Independência do País

Nas revistas, segundo conta, além das matérias que abordam as comemorações do centenário, os pesquisadores também encontraram anúncios de produtos e serviços que utilizavam a efeméride como mote, e apelavam à população para que se preparasse para a data. Há, portanto, um predomínio da questão estética sobre a política no material consultado.

Para os próximos meses, Lucia Santa-Cruz espera dar continuidade à pesquisa com o intuito de comparar os vestígios entre os relatos jornalísticos de 1922 e os atuais produzidos pelos veículos de comunicação que estão se dedicando ao bicentenário da Independência.

O grupo pretende analisar e comparar as narrativas produzidas pela imprensa do século XX e pelo jornalismo do século XXI a respeito do acontecimento da emancipação política do Brasil e seus impactos na fundação da nação brasileira.

Lucia Santa-Cruz é apoiada no edital Apoio a Projetos no Âmbito do Bicentenário da Independência, lançado pela FAPERJ em meados de setembro de 2021, e que contará com um evento, organizado pela Fundação, neste mês de agosto, para apresentações dos trabalhos agraciados com financiamento.

Topo da página