Claudia Jurberg*
Estudantes do projeto 'Meninas Olímpicas' durante visita ao Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) |
Encorajar meninas para enfrentar certos estereótipos de que Ciências Exatas são apenas para meninos é o objetivo de um projeto do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), apoiado pela FAPERJ. O projeto Meninas Olímpicas do Impa oferece uma série de atividades que empregam desde ferramentas lúdicas para despertar o interesse pela área e quebrar barreiras, desafios como criar e montar robôs até visitas a instituições inspiradoras.
Com o brilho nos olhos de quem conhece um ídolo pela primeira vez, 58 jovens do programa Meninas Olímpicas do Impa conversaram com a cientista Patrícia Spinelli e visitaram o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), no final de junho.
A astrônoma do Mast, Patrícia Spinelli, falou sobre o dia a dia de uma cientista, o papel da pesquisa astronômica e a importância da presença feminina na área. “A astronomia tem um potencial encantador e que vai além das questões científicas. Tem uma dimensão filosófica e estética, quando pensamos nas imagens astronômicas. É sempre um prazer falar sobre astronomia, principalmente para o público de meninas. Queremos que elas se sintam pertencentes, tanto para fazer ciência quanto para frequentar os espaços públicos de conhecimento”, comentou.
Isadora Hilgert, aluna do Colégio Pedro II, do campus Humaitá e integrante do Meninas Olímpicas do Impa, considera a iniciativa uma chance de se aproximar das áreas de exatas. “Está sendo muito legal. Tivemos uma visita ao Impa, que foi interessante porque pudemos conhecer matemáticos e saber mais sobre essa profissão, e agora estamos visitando o Mast. Vale a pena conhecer o museu, e já sei que vou voltar outras vezes. É muito bom se aproximar novamente da matemática, porque acho que a pandemia acabou me afastando um pouco desse estudo”, conta.
Sua colega Luísa Quintella, também do Colégio Pedro II, considera que a visita foi um dos pontos altos do programa. “Sempre procurei iniciativas na escola para me envolver nas áreas de exatas e o Meninas Olímpicas do Impa tem praticamente tudo que eu esperava! Desde as aulas voltadas para olimpíadas, projetos de robótica e a visita ao Mast. Foi a melhor parte até agora! É um museu interativo, bem explicado e que me fez sair daqui com mais perguntas do que respostas, que acho que é o objetivo da ciência”, afirmou Luísa.
O projeto, que está em sua segunda edição, recebeu mais de R$ 240 mil da FAPERJ e terá vigência de 12 meses. São 10 escolas municipais, estaduais e federais da região metropolitana do Rio de Janeiro e de Niterói. A iniciativa contempla 30 meninas bolsistas, entre 14 e 17 anos, incluindo o 8o ano do Ensino Fundamental até o 3o ano do Ensino Médio. Cada uma recebe uma bolsa de R$ 263,00 por mês.
Além das meninas, o projeto conta com professores de todas as cinco universidades do Rio de Janeiro que possuem licenciatura em matemática: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
No Mast, guias do museu trouxeram informações às estudantes sobre o sistema solar, o trabalho de observação do céu e instrumentos de navegação e mapas |
O programa Meninas Olímpicas do Impa, coordenado por Letícia Rangel, professora aposentada do CAp/UFRJ, inclui atividades com jogos, palestras, conversas e visitas a instituições de Ciência e Tecnologia, localizadas no Rio de Janeiro. Segundo Letícia, o projeto deixará como legado material um acervo de atividades de matemática e de robótica para fins educativos em cada uma das escolas.
O programa surgiu na esteira de sucesso das Olimpíadas Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). O diretor do Impa, Marcelo Viana, detalha a consagração com números: "Hoje, a OBMEP atinge 20 milhões de crianças e adolescentes do 6o ano do Ensino Fundamental ao 3o ano do Ensino Médio. Os 5% que obtiveram os melhores resultados são aprovados para a segunda fase. E as 30 mil melhores provas são corrigidas em uma outra etapa no Rio de Janeiro. O Impa está agora organizando a Olimpíada Mirim que atingirá, provavelmente, 2 milhões de crianças".
Segundo ele e Letícia, ninguém nasce predisposto a gostar ou não da matemática. O cérebro é plástico. E precisamos investigar mais essa questão de gênero ligado às Ciências Exatas e procurar desmistificar a questão. Lugar de meninas é onde elas quiserem. Participam do projeto as escolas Municipal Estácio de Sá (Urca), CE Matemático Joaquim Gomes de Souza Intercultural Brasil-China (Niterói), Escola Municipal Alberto José Sampaio (Pavuna), Instituto de Educação Carmela Dutra (Madureira), Escola municipal Francis Hime (Jacarepaguá), Colégio Estadual Machado de Assis (Niterói), Colegio Pedro II (campus Humaitá II), Escola Municipal Cardeal Arcoverde (Madureira), Colégio Estadual Mato Grosso (Vista Alegre) e Escola Municipal Rubens de Farias Neves (Campo Grande).
* Com informações da Assessoria de Comunicação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa)