Débora Motta
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Estande da FAPERJ na Rio Innovation Week: espaço atraiu empreendedores e pesquisadores interessados em conhecer as linhas de fomento da Fundação (Foto: Lécio Augusto Ramos) |
A capital fluminense sedia desde terça-feira, 8 de novembro, o maior encontro de tecnologia, inovação e negócios da América Latina: a 2ª edição do Rio Innovation Week. Em quatro dias de evento, mais de duas mil startups – empresas nascentes de base tecnológica – têm a oportunidade de estreitar laços com investidores e divulgar seus produtos e projetos para o público em geral. A feira vai até esta sexta-feira à noite. Ocupando galpões em uma área aproximada de 50 mil metros quadrados, no Píer Mauá, o evento oferece quatro dias de atividades com 27 conferências e 700 palestrantes, reunindo 200 expositores. A FAPERJ participa desse encontro de inovação e empreendedorismo com um estande montado na parte externa do Armazém 3, junto à Baía de Guanabara (do lado oposto à Parada dos Navios do VLT – Rua Rodrigues Alves, 10, Píer Mauá). Além disso, a Fundação organizou uma série de palestras com pesquisadores e empreendedores que recebem financiamento para o desenvolvimento de seus projetos e produtos.
A palestra de abertura reuniu empreendedores, gestores, reitores e diversas autoridades do poder público, que destacaram a importância da realização do evento para fomentar a economia fluminense. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I), Paulo Alvim, ressaltou que o Rio tradicionalmente possui vocação para ser um polo difusor de ideias e negócios inovadores. “O Rio sempre foi uma vitrine para o Brasil e para a América Latina. A criatividade é a cara dessa cidade e está na hora da marca do Rio ser a inovação”, disse Alvim.
O governador do estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro, ponderou sobre o momento de retomada econômica no pós-pandemia. “Não podemos deixar o potencial do Rio ir embora. São empresas e sonhos, que movimentam não apenas o setor de C,T&I, mas toda uma cadeia, como turismo, agro e mercados. Vivemos um momento de retomada da cidade como um epicentro das oportunidades de negócios e da tecnologia”, observou Castro. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, completou: “Iniciativas como a Rio Innovation Week trazem otimismo e atraem novos investimentos para a cidade. Precisamos de pessoas que inovem, que acreditem na recuperação econômica do Rio. Temos aqui na cidade a maior concentração de centros de pesquisa e universidades do País, um ambiente propício para se criar e empreender.”
O presidente do comitê organizador do Rio Innovation Week, Fabio Queiroz, detalhou o ambiente do encontro. “Nesses quatro dias em que o Rio se torna a capital da Ciência, Tecnologia e Inovação, serão 2.200 startups, 2.200 sonhos de empreendedores submetendo suas ideias inovadoras e investidores, com uma mentoria à disposição deles para aperfeiçoamento dos seus negócios. Já temos 900 pitchings agendados e tenho certeza que aqui nascerá uma empresa líder, um unicórnio”, contou.
O secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, João Carrilho, definiu o papel da C,T&I como estratégico para o desenvolvimento fluminense e ressaltou a importância do trabalho da FAPERJ como indutora desse processo. “Estamos nesse evento que é a meca da inovação. Temos hoje mais de centena de FAETECs [Fundação de Apoio à Escola Técnica] no estado do Rio de Janeiro em 59 municípios, e, nesse período de pandemia, a FAPERJ tem cumprido seu papel e se tornou a principal agência estadual apoiadora da C,T&I no País”, destacou.
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O presidente do Confap, Odir Dellagostin (à esq.), e o presidente da FAPERJ, Jerson Lima, durante a abertura do Rio Innovation Week (Foto: Claudia Jurberg) |
O presidente do Sebrae nacional, Carlos Melles, ressaltou que o Sistema Comércio mantém a sede administrativa no Rio e que o investimento em inovação pode de fato transformar a vida das pessoas. “Vivemos no período de pandemia o isolamento social e o domínio da tecnologia foi fundamental para nossa sobrevivência e para a sobrevivência das empresas. Estamos em uma das maiores feiras de conhecimento e negócios do mundo, e no lugar e na hora certa para fomentar o desenvolvimento das startups”, ponderou.
Por sua vez, o presidente da Fecomércio RJ, Antonio Florêncio Queiroz, lembrou que investimentos em tecnologia são a chave para o País eliminar desvantagens competitivas e assumirem uma posição de maior destaque na América Latina. “Historicamente o Brasil construiu um abismo social entre aqueles que têm acesso à educação e os que não têm. Hoje, estamos em vias de cometer o mesmo erro em relação ao acesso à tecnologia. Basta sabermos que o acesso à banda larga ainda é muito caro no País. O Brasil é o 71º país no ranking do custo da banda larga, o que é uma desvantagem competitiva. Na pandemia, só 42% dos alunos das classes D e E tiveram acesso à tecnologia necessária ao ensino remoto, enquanto entre os alunos das classes mais favorecidas esse número é de 92%”, pontuou.
Tecnova: parceria pela inovação
O programa Tecnova esteve na pauta das discussões na tarde de terça, 8 de novembro. Lançado desde 2012 a partir de um esforço conjunto entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e as Fundações de Amparo à Pesquisa estaduais (FAPs), incluindo a FAPERJ, representadas pelo Conselho Nacional das FAPs (Confap), o edital, em fase de elaboração, terá sua terceira chamada, a ser lançada nacionalmente em 2023. O objetivo do Tecnova é criar condições financeiras favoráveis e apoiar a inovação – por meio de recursos de subvenção econômica – para o crescimento rápido de um conjunto significativo de empresas de micro e pequeno porte, com foco no apoio à inovação tecnológica e com o suporte aos parceiros estaduais.
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O ministro da C,T&I, Paulo Alvim (à esq.) e o diretor de Tecnologia da FAPERJ, Mauricio Guedes: parceria para a elaboração do Tecnova 3 (Foto: Lécio Augusto Ramos) |
O ministro da C,T&I destacou a importância de estreitar laços com a FAPERJ para essa nova edição do Tecnova. “A parceria com as FAPs é estratégica quando falamos de apoio à C,T&I, pois permite capilaridade e aprimoramento constante. Temos os exemplos dos editais Tecnova e do Centelha, voltado ao fomento de startups”, disse Alvim. O diretor de Tecnologia da FAPERJ, Mauricio Guedes, observou que o Tecnova 3 representa uma retomada das ações da FAPERJ junto com a Finep no pós-pandemia. “O Tecnova 3 e o programa Centelha serão as duas primeiras iniciativas da FAPERJ em parceria com a Finep nos últimos cinco anos. Vamos definir com o Conselho Superior da Fundação os números para a participação da FAPERJ no Tecnova 3", disse Guedes. Completando o diálogo, o presidente da Finep, Waldemar Barroso Neto, destacou as novidades do Tecnova 3. “Teremos nessa edição programas de mentoria e de internacionalização”, adiantou.
Assessores da Diretoria de Tecnologia da FAPERJ, Guilherme Santos e Rodrigo Carvalho falaram sobre o ambiente de inovação no estado do Rio de Janeiro e no mundo. Santos lembrou que, no Brasil, a maioria dos pesquisadores está inserida no ambiente acadêmico e que é necessário fortalecer a inovação no ambiente empresarial. Ele citou os editais da FAPERJ Doutor Empreendedor e Pesquisador na Empresa como parte desse esforço. “Cerca de 70% dos pesquisadores estão nas universidades, e a minoria nas empresas, enquanto que na Coreia do Sul 81,8% estão nas empresas, e, na Alemanha, 60,2%”, contextualizou. Carvalho apresentou um panorama da história do empreendedorismo e da inovação desde o século XX. “Empresas que inovam faturam até cem vezes mais do que as outras e pagam salários três vezes maiores”, completou.
Um exemplo de startup que desenvolve suas atividades com apoio da FAPERJ e participa da Rio Innovation Week é a RioGen, da área de Biotecnologia. Criada pela pesquisadora Maria Beatriz Mota, a empresa desenvolveu um processo não invasivo para detecção do câncer de próstata. ”Os fomentos da FAPERJ foram fundamentais para que pudéssemos alavancar as pesquisas e a inovação, que permitiram o desenvolvimento do nosso produto, um teste de urina para detecção do câncer de próstata. Estamos na etapa de desenvolvimento desse exame e a nossa expectativa é, após terminar esta fase, validar o exame para, então, iniciar o processo de parceria e comercialização com hospitais e laboratórios”, explicou Beatriz Mota, doutora em Bioquímica, que foi contemplada nos editais dos programas Doutor Empreendedor, do Inserção de pesquisadores em empresas e de bolsa de Inovação Tecnológica (INT) da FAPERJ.
Confira os vídeos de palestras realizadas até o momento com apoio da Fundação durante a Rio Innovation Week no Instagram da FAPERJ: https://www.instagram.com/faperjoficial/
Veja a programação desta sexta-feira (11/11) no Espaço Kobra:
- 10h30 às 11h10: Nanomateriais e aplicações a dispositivos, Fernando Lazaro Freire Jr., PUC-Rio.
- 12h30 às 13h10: Neurociência , Roberto Lent, UFRJ e Instituto D'Or.
- 13h30 às 14h10: Inovação em Saúde, Rui de Teofilo Figueiredo e Filho, Uerj.
- 14h30 às 15h10: Desafios da Ciência Brasileira, Patricia Torres Bozza Viola, ABC.