Débora Motta
Startup Proffer inova no mercado brasileiro ao apostar na precificação de produtos farmacêuticos com auxílio da inteligência artificial (Foto: Freepik) |
Qual a forma mais justa de mensurar os preços dos remédios de uma farmácia, tanto para os consumidores como para o empresário? Uma jovem empresa de base tecnológica que se estruturou com apoio do programa Startup Rio, parceria entre a FAPERJ e a Secretaria estadual de Ciência e Tecnologia (Secti), inova ao desenvolver um aplicativo específico para a precificação de produtos farmacêuticos. Criada em junho de 2021, a Proffer, startup especializada na gestão online de preços para o varejo, já está presente em cerca de 1,2 mil farmácias, entre as maiores redes nacionais, e se prepara para ampliar sua atuação em lojas de pequeno e médio porte.
Normalmente, a gestão de preços de uma farmácia é feita manualmente, pelo analista de precificação, que observa a concorrência do seu ponto de venda, ou seja, o preço praticado nas outras farmácias mais próximas. Porém, a proposta da Proffer é utilizar a inteligência artificial para ir além. “Fazemos pesquisas de preço entre as farmácias concorrentes e, por meio de nossos modelos econômicos, com técnicas de big data, conseguimos saber, em cada loja, o quanto o consumidor está disposto a pagar por cada produto, analisando a demanda, além da oferta. A inovação maior é incluir na análise o ponto de vista do consumidor para chegarmos ao preço mais justo para os dois lados. Cada produto tem uma sensibilidade e o preço também varia de acordo com a localização da loja”, resumiu o empreendedor Edmilson Varejão Neto.
Economista e doutor formado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele e seu sócio, Vinicius Pantoja, criaram a Proffer, que oferece o serviço de precificação calculado pelo software desenvolvido por eles. “O algoritmo é cem por cento nosso. Combinamos modelos microeconômicos com otimização matemática para entender a dinâmica do mercado em termos de oferta e demanda, com modelos desenvolvidos em parte durante a minha tese de doutorado, em parceria com o Vinicius, que é mestre em Economia e cursou Ciência de Dados pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)”, detalhou.
Outro ponto importante da iniciativa é a fixação de doutores recém-formados no estado do Rio Janeiro, que foram contratados como mão de obra na empresa. “Estamos empregando dois doutores em Economia e dois doutorandos, um em Administração e outro em Ciência de Dados. Temos também dois mestres em Matemática da FGV e dois mestres em Economia. Ao todo, somos 23 pessoas na equipe, que trabalha remotamente”, disse.
Edmilson Varejão: CEO da Proffer, ele destaca a importância de se considerar a sensibilidade da demanda ao precificar produtos (Foto: Divulgação) |
Varejão destaca que não há no Brasil outras empresas voltadas ao oferecimento desse serviço de precificação dinâmica no ramo farmacêutico. “Estamos suprindo uma lacuna de mercado. Não temos competidores no Brasil. No exterior, há empresas que já fazem isso, mas vendendo licenças de softwares, e nós oferecemos como SaaS (Software as a Service), ou o software como um serviço. Isso é mais comum em alguns setores, como na hotelaria, passagens aéreas e transporte, como no caso da Uber”, explicou.
As perspectivas de crescimento são positivas para o recém-criado negócio. A empresa iniciou, em junho de 2021, como uma consultoria focada em precificação. Em seis meses o faturamento chegava a R$ 300 mil e a projeção é terminar 2022 com 60% de crescimento. Já para 2023, a meta é chegar a R$ 2,5 milhões. “Em 2023, pretendemos crescer em cinco vezes nosso faturamento no setor farmacêutico. No Rio de Janeiro não temos nenhum cliente ainda, mas temos mais de mil lojas no nosso portifólio nos estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo”, adiantou.
O jovem empreendedor ressaltou ainda a importância de ter alicerçado as bases de crescimento da empresa durante o programa Startup Rio. “Foi fundamental nosso aprendizado com as diversas mentorias que recebemos durante a edição 2020 do Startup Rio. Com o apoio do programa, conseguimos criar uma solução deep tech (de tecnologia profunda) e aplicar técnicas de fronteira dos campos da Economia e da Matemática para solucionar um problema real das empresas”, concluiu.