Por Ascom Faperj*
Jerson Lima (esq.) e Marco Antonio Zago: presidentes da Faperj e Fapesp destacaram importância dos investimentos em pesquisa nas áreas das tecnologias quânticas e ciências relacionadas |
As fundações de amparo à pesquisa de São Paulo (FAPESP) e do Rio de Janeiro (FAPERJ), duas das maiores agências de fomento do País, aprovaram programas para fortalecimento da pesquisa nas áreas das tecnologias quânticas e ciências relacionadas.
Em comunicado conjunto divulgado nesta sexta-feira, dia 15 de dezembro, as duas agências informaram ter estabelecido um acordo para permitir a promoção de pesquisa conjunta entre grupos e pesquisadores dos estados de Rio e São Paulo, com apoio compartilhado pelas duas fundações. O primeiro edital será lançado em 31 de janeiro de 2024, com recursos oriundos de seus respectivos instrumentos de apoio a projetos.
“Trata-se de uma iniciativa importante em áreas de pesquisa portadoras de futuro, englobando tecnologias disruptivas, já em desenvolvimento em países como China e Estados Unidos, de grande impacto econômico e ambiental”, disse Jerson Lima, presidente da FAPERJ.
“A FAPESP e a FAPERJ vão reunir destacados pesquisadores nas áreas de física, matemática, engenharia, entre outras, para fazer avançar as pesquisas sobre tecnologia quântica, contribuindo, certamente, para conferir ao Brasil papel de protagonista em computação, sensoriamento e comunicação quânticas”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
Os investimentos no setor têm sido expressivos em diversos países. A China destinou um grande volume de recursos na construção do Laboratório Nacional de Ciência da Informação Quântica, em Hefei. Já os Estados Unidos aprovaram, em 2018, legislação específica para apoiar o desenvolvimento de computadores quânticos.
No Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo contam com um número expressivo de pesquisadores com projetos em áreas de informações quânticas, em núcleos de excelência nas universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp), Estadual Paulista (Unesp), Federal do São Carlos (UFSCar), Federal do ABC (UFABC), e vários institutos de pesquisa de excelência, entre outros. Os dois estados também sediam e apoiam o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Informação Quântica, com a participação de pesquisadores de outros estados.
“Existem vários grupos teóricos e experimentais que abordam aspectos dos fundamentos da informação quântica e suas aplicações”, diz Gustavo Wiederhecker, pesquisador do Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp e coordenador da iniciativa do lado da FAPESP.
O edital, ele explica, contemplará linhas de pesquisa estruturantes como comunicação e computação quânticas. “A comunicação quântica, por exemplo, está ligada à segurança na troca inviolável de informações entre agentes, atendendo a demandas de governo e do sistema financeiro”, afirmou Wiederhecker.
“A computação quântica trará avanços importantes, possibilitando o processamento de dados de uma forma muito mais rápida do que conhecemos hoje”, completa Aquilino Senra, professor da UFRJ e diretor de Tecnologia da FAPERJ.
A expectativa é que o edital fomente colaborações entre a academia e o setor privado para o desenvolvimento de tecnologias de curto e médio prazos, atraia jovens pesquisadores e empreendedores para iniciativas nessas áreas, qualifique recursos humanos, aumente a visibilidade internacional e a competitividade da pesquisa e de empresas brasileiras, e amplie a compreensão do público sobre a ciência quântica, a fim de promover pesquisa e inovação responsáveis.
Senra prevê ainda que as tecnologias quânticas, bem como a nanotecnologia, terão grande impacto na sociedade, possibilitando grandes transformações nas próximas décadas, promovendo um “salto qualitativo” nas tecnologias de inteligência artificial.
“São áreas de conhecimento de fronteira que envolvem capacitação e qualificação de equipes de pesquisa e recursos para que possamos acelerar o desenvolvimento tecnológico. Essa parceria entre duas agências de fomento tem potencial para alavancar a indústria nacional”, conclui o diretor de Tecnologia da FAPERJ.
* Com informações da Agência Fapesp de Notícias