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Publicado em: 27/06/2024 | Atualizado em: 27/06/2024

Grãos de café contra dependência em tabaco

Claudia Jurberg

Participante do Projeto Café e Cérebro na sala de Ressonância Magnética no Idor, acompanhado por Fernanda Meirelles (Foto: Divulgação)

Pesquisadores brasileiros identificaram um possível alvo farmacológico para diminuir o vício tabagista. Em ensaio clínico piloto, 60 fumantes foram expostos às fragrâncias de grãos de café e um grupo controle foi exposto à fragrância neutra.

Por meio de uma abordagem neurocientífica e medidas comportamentais, ficou demonstrado que, logo após a intervenção, no grupo que inalou grãos de café, 50% dos participantes voltaram a fumar e, no grupo controle exposto à fragrância de sabão, mais de 70% continuaram fumando.

Pesquisadora do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor), Silvia Oigman explica que os resultados animadores e a perspectiva de um possível alvo terapêutico para diminuir ou cessar a adição por tabaco, levou o grupo a depositar patentes. Já são nove patentes depositadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia e mais três em andamento, inclusive Brasil.

"Neste momento, temos a indicação de que nossa abordagem para redução do tabagismo possui grande potencial, por conta da atividade cerebral observada durante o estudo de neuroimagem, somado aos resultados obtidos no ensaio clínico piloto, ambos realizados no Idor", relata Silvia. "Os resultados obtidos na Ressonância Magnética Funcional, acoplada ao olfatômetro, demonstraram que voláteis de café, quando inalados por voluntários saudáveis, resultam na ativação com maior tamanho de efeito no núcleo accumbens - mesma região ativada com o uso de substâncias psicoativas, como a cocaína", complementa.

O ensaio piloto foi realizado em 2019, no Hospital Quinta D'Or, e contou com o trabalho voluntário da médica psiquiatra Carolina Costa, do Instituto de Psiquiatria, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ipub/UFRJ). Os dados coletados nesse ensaio são importantes indicadores de um possível alvo farmacológico e mecanismo de eficácia de compostos voláteis do café na modulação de circuitos neurais mediadores de adição, servindo como base para o avanço do desenvolvimento clínico do candidato terapêutico. "Desconheço outros grupos que utilizem a inalação inócua do aroma de café como ativador do sistema de recompensa para fins medicinais e, nesse sentido, acredito muito no potencial de inovação do nosso trabalho", afirma a pesquisadora.

Foto de parte da equipe do Projeto Café e Cérebro: a partir da esq., Rafael Ribeiro Breves, Fernanda Meirelles, Jorge Moll Neto, Silvia Oigman, Marcelo Cossenza, Carolina Costa e Daniel Furtado (Foto: Divulgação) 

Para o experimento, foi produzido um óleo a partir de grãos de cafés de alta qualidade, que será inalado por meio de um dispositivo adaptado, já aprovado pela Food and Drug Administration  (FDA). O óleo de café foi desenvolvido pela empresa Café Consciência, uma empresa nacional e, como Oigman explica, a produção do óleo é extremamente especial, "não sendo comercializado por nenhum outro concorrente". Silvia ressalta ainda que os óleos essenciais são geralmente reconhecidos como seguros para o consumo humano com base em dados científicos e na experiência histórica de uso.

Participaram ainda da pesquisa inúmeros outros colaboradores. Pela Café Consciência, Gabriela Cezar (Panarea), Paulo Mattos (Idor), Ronir Raggio Luiz (Idor), Erika Rodrigues (Idor), Griselda Esther Jara de Garrido (Idor), Leandra Celso Constantino (Idor), Pablo Monteiro Brandão (Idor), Ernesto Diaz (ex bolsista FAPERJ/Idor) e Aline Gabrielle Carvalho (ex-Bolsista FAPERJ/Idor). E pelo Projeto Café e Cérebro, Ivanei Edson Bramati (Idor), Sebastian Höfle, Tiago Bortolini (Idor), Giovana Novaes Bortolini (Idor), Fabrício Pamplona e Rosires Deliza (Embrapa).

Epidemia de tabaco – Estima-se que existam 1,1 bilhão de fumantes no mundo. A epidemia de tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou, sendo responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano. Mais de 7 milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco, enquanto mais de 1,2 milhão de mortes são resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo. Na fumaça do tabaco, existem mais de 7 mil produtos químicos dos quais pelo menos 250 são prejudiciais e pelo menos 69 causam câncer. A pesquisa recebeu investimentos de cerca de R$ 373 mil da FAPERJ.

Veja também (FAPERJ no YouTube) : Tabagismo / Rede de pesquisa apoiada pela FAPERJ estuda o consumo de drogas lícitas e ilícitas.

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