Marina Verjovsky
Plataforma de criomicroscopia eletrônica de última geração, instalada no Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio/UFRJ), tem capacidade para determinar a estrutura tridimensional de proteínas isoladas, complexos proteicos, vírus e componentes intracelulares (Foto: Marcos Patricio/FAPERJ) |
Nos dias 17, 18 e 19 de junho, no Rio de Janeiro, haverá um evento científico que reunirá diversos pesquisadores especializados em estruturas de moléculas biológicas e bioimagem, de instituições brasileiras e de países como Inglaterra, EUA, Alemanha e Argentina. O VII Simpósio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biologia Estrutural e Bioimagem (INBEB) acontecerá no Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e na Inovateca da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O coordenador do INBEB, Jerson Lima da Silva, também pesquisador da UFRJ e presidente da FAPERJ, destaca que o encontro marcará a inauguração de um novo equipamento de crio-microscopia eletrônica de última geração, destinado a projetos multiusuários.
"Esse microscópio representa um avanço tão significativo na biologia molecular, que fez seus criadores receberem o Prêmio Nobel em 2017. Ele permite congelar moléculas em movimento e visualizá-las em imagens tridimensionais de alta resolução", relata Jerson. "Então, convidamos alguns pesquisadores de outros países, que apresentarão seus trabalhos, usando os últimos avanços nessa tecnologia para demonstrar o potencial que ela pode oferecer aos nossos cientistas no Brasil."
Entre os palestrantes está Fengbin Wang, da Universidade do Alabama em Birmingham, EUA. Wang compartilhará pesquisas recentes sobre nanofios – fios diminutos que conduzem eletricidade em microrganismos. Essas estruturas têm grande potencial biotecnológico, em bioenergia, como baterias carregadas por microrganismos, ou na fabricação de eletrônicos em escala nanométrica. Recentemente, a equipe de Wang usou a crio-microscopia eletrônica para identificar novos microrganismos com essas estruturas elétricas, mostrando que são mais comuns do que se imaginava e mais fáceis de se cultivar em laboratório, facilitando assim futuras pesquisas e aplicações.
No segundo dia do evento, a pesquisadora Maria Grazia Spillantini, da Universidade de Cambridge, mostrará vários de seus resultados com o uso da tecnologia de crio-microscopia eletrônica, incluindo o estudo de uma doença genética rara, chamada sinucleinopatia de início juvenil. Sua equipe analisou as anomalias causadas pela mutação na proteína α-sinucleína e observaram um novo padrão, diferente dos encontrados em outras doenças relacionadas à mesma proteína. Essas descobertas fornecem uma melhor compreensão de como a mutação pode levar ao desenvolvimento da doença, oferecendo novos caminhos para estudar e, possivelmente, avançar no tratamento dessa condição rara.
O encontro espera reunir cerca de 200 participantes e contará com 13 palestrantes nacionais da UFRJ, IDOR, Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Brasília (UnB) e do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas. Os seis palestrantes internacionais são da Universidade de Cambridge, na Inglaterra; do Colégio Universitário de Londres (UCL), na Inglaterra; da Universidade do Alabama em Birmingham, EUA; da Universidade Médica de Göttingen, na Alemanha; e do Laboratório Max Planck de Rosário, na Argentina. O evento é gratuito e os ouvintes não precisam fazer inscrição, mas a entrada está sujeita à lotação dos locais. Veja a programacão completa em: https://seminariosinbeb.wixsite.com/inbebsymposium/program
O INBEB é uma rede de pesquisa que reúne mais de 100 pesquisadores, além de estudantes de graduação e pós-graduação, distribuídos em 20 laboratórios associados em diferentes estados do Brasil e sediada no Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio), da UFRJ. A rede é focada no uso de imagens para estudar as bases moleculares, celulares e fisiológicas de diversas doenças e seus respectivos agentes causadores. Uma das premissas do INBEB é criar pontes entre a pesquisa básica e a clínica, e, assim, avançar contra doenças que afligem a sociedade. Nos últimos anos, a rede vem atuando em temas como Covid-19, Zika, Dengue e outras viroses, cânceres e doenças neurodegenerativas, entre outros. Saiba mais em: https://inbeb.org.br