Débora Motta
Capa da terceira edição da coleção que apresenta o pensamento de expoentes da Geografia brasileira (Foto: Reprodução) |
A história da Geografia brasileira pode ser contada a partir do legado dos pesquisadores que ajudaram a lançar as bases para o estudo da disciplina. Apresentando informações biográficas e, sobretudo, o modo de pensar de grandes nomes da ciência geográfica, o terceiro volume da Coleção Dicionário dos geógrafos brasileiros – vol. 3 chega ao mercado. A obra, lançada pela editora 7 Letras com apoio da FAPERJ, por meio do Programa Auxílio à Editoração (APQ 3), foi organizada por Mônica Sampaio Machado, professora do Departamento de Geografia Humana e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e por André Roberto Martin, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).
Este volume apresenta, em ordem alfabética, onze importantes nomes da Geografia Brasileira. São eles: Antonio Carlos Robert Moraes; Gelson Rangel Lima; Hilgard Sternberg; Jacob Binsztok; Jorge Zarur; José Aldemir de Oliveira; Justiniano da Rocha; Luiz Cruz Lima; Nadja Maria Castilho da Costa; Ruy Moreira; e Walter Alberto Egler. “É um livro sobre geógrafos escrito por geógrafos. Escolhemos importantes pesquisadores que são referência para a ciência geográfica feita no Brasil. Todos pensaram o País, a partir de diferentes óticas e escalas territoriais. Essa coleção procura dar uma pequena contribuição à história e memória da Geografia brasileira, oferecendo informações tanto biográficas sobre seus principais personagens, quanto sobre seus estudos e suas contribuições ao campo científico da Geografia”, disse Mônica.
A obra é resultado do trabalho desenvolvido por pesquisadores do Grupo de Pesquisa Geografia Brasileira: História e Política (GeoBrasil), coordenado por Mônica e sediado na Uerj, e por pesquisadores convidados. “Trata-se do terceiro volume da coleção disponível no site da editora 7 Letras (https://7letras.com.br/). Nos dois primeiros volumes, destacamos também 11 geógrafos e suas obras. Os volumes 2 e 3 apresentam ao final mais um geógrafo retratado em quadrinhos. É uma coleção que tem tido visibilidade e circulação para além do meio acadêmico geográfico, servindo como um modelo a ser desenvolvido em outros campos científicos. A ideia dessa coleção foi também divulgar a riqueza do conhecimento geográfico que tem sido produzido no Brasil e sobre o território brasileiro, ainda pouco explorado”, disse Mônica, que publicou os dois primeiros volumes como desdobramento do apoio que tem recebido da FAPERJ ao longo dos últimos anos, como no programa Jovem Cientista do Nosso Estado.
Ilustração lembra da citação do compositor Chico Science ao geógrafo Josué de Castro, na música Da lama ao caos (Foto: Reprodução) |
Ela e Marcela Bonelli Zarur assinam o capítulo sobre Jorge Zarur, importante geógrafo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Ele foi um dos primeiros geógrafos a estabelecer diálogos científicos entre a Geografia brasileira e a norte-americana", explicou Mônica. André Martin assina o artigo dedicado ao geógrafo Robert Moraes, destacando sua luta pela Geografia Crítica. “Todos os artigos desse volume foram escritos por geógrafos reconhecidos com rigor científico e sentimento. Como por exemplo, o emocionante texto de Claudio Egler sobre seu pai, Walter Egler, um pioneiro da Geografia sócio-ambiental, ou o artigo escrito por Jorge Barbosa sobre seu querido amigo Jacob Binsztok, um narrador de geografias plurais”, observou.
Assim como o volume anterior, o terceiro volume conta com uma sessão ilustrada, que apresenta de forma lúdica a história “Josué de Castro em quadrinhos”. Concebidas pelo ilustrador e geógrafo Gustavo Azevedo, doutorando no programa de Pós-Graduação em Geografia da Uerj, as tirinhas falam sobre a trajetória do autor do clássico Geografia da Fome, publicado em 1946.
Nesta obra, Josué de Castro estudou os recursos e os hábitos alimentares de várias regiões brasileiras, abordando questões como a mercantilização da alimentação, da terra, o latifúndio, a monocultura, o sistema econômico e a fome. “Essa sessão ilustrada, além de contribuir para tornar a obra didática, apresenta através da arte do desenho importantes pensadores e estudos da Geografia do Brasil”, concluiu a geógrafa.