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Publicado em: 12/05/2022 | Atualizado em: 12/05/2022

Perfil: Jorge Belizário, educador e coordenador do projeto Jovens Talentos

Débora Motta

Belizário com alunos durante a Jornada de Jovens Talentos realizada em 2019 no município de Pinheiral, na região do Vale do Paraíba fluminense (Foto: Divulgação)

Despertar o interesse dos jovens, ainda durante o Ensino Médio, para a pesquisa e descobrir suas vocações acadêmicas, em diversas áreas do conhecimento. Esta é a nobre missão do professor e naturalista Jorge Belizário. Há duas décadas ele coordena o Jovens Talentos, programa de Pré-Iniciação Científica que, em 2022, completa 23 anos e segue como uma importante referência educacional em todo o País. Apoiado pela FAPERJ desde a sua criação, o projeto nasceu no Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj) e hoje está presente em mais de 70 escolas e universidades das redes federal e estadual, em cerca de 30 municípios no território fluminense.  

Aos 74 anos, Belizário dedicou boa parte da sua vida profissional à educação de jovens em escolas municipais públicas, na área de Biologia. Formado em História Natural, ele cursou pós-graduação em Geologia do Período Quaternário no Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ) e é assessor da Diretora Científica da FAPERJ. Nascido no bairro de Piedade, Zona Norte do Rio, e formado na maior parte da sua vida em escolas públicas, ele destaca a importância do Jovens Talentos como facilitador do acesso à educação superior e às carreiras em pesquisa para os jovens, e como relevante instrumento de transformação social, por meio da Divulgação Científica.

BOLETIM FAPERJ: Normalmente, os programas de Iniciação Científica são oferecidos para alunos nos anos iniciais da Graduação nas universidades. Fale da importância de despertar o interesse dos jovens para a pesquisa ainda em fase escolar.

Jorge Belizário: O Jovens Talentos tem o diferencial de ser um projeto de Pré-Iniciação Científica, oferecendo aos alunos de colégio o primeiro contato com o ambiente acadêmico e universitário. Eles são selecionados nos colégios e encaminhados a projetos de pesquisa em diversas áreas, desenvolvidos nas universidades, incluindo a área de Humanidades, e recebem uma bolsa de R$ 263,00. Isso é de uma importância gigantesca. A maioria não teria incentivo para seguir uma carreira em pesquisa se não fosse o projeto. Militei por mais de 30 anos na educação pública municipal e estadual e vi que os alunos tinham uma autoestima caída por serem de escola pública. O Jovens Talentos quebra isso. O aluno da escola pública é tão bom quanto o da particular, só precisa de uma oportunidade para alçar voos altos.

Qual o balanço da sua experiência após 20 anos à frente do projeto Jovens Talentos?

Hoje já temos mais de 8.500 jovens beneficiados desde o início do projeto, entre doutores, mestres e alunos com graduações concluídas em diversas universidades no estado do Rio de Janeiro. Todos que passam pelo projeto criam uma forte identidade como Jovem Talento, mesmo depois de formados. Quando ingressam como professores e pesquisadores na carreira acadêmica, muitos fazem questão de se tornar orientadores de outros jovens que estão começando, e se sentem parte de uma grande família. Percebemos resultados positivos a cada aprovação de aluno nas universidades e a cada talento despertado para a Ciência e outras áreas de pesquisa, inclusive nas Humanas. Todo ano realizamos em encontro anual do projeto para apresentar esses resultados. Alguns alunos se tornaram pesquisadores reconhecidos e atuam até em instituições do exterior. Recentemente, dois ex-Jovens Talentos ingressaram em instituições nos Estados Unidos e outra está trabalhando no Japão. O sucesso do projeto é ainda fruto da dedicação da vice-coordenadora do Jovens Talentos, Vera Medeiros, que também é assessora da Diretoria Científica da FAPERJ.

Como o projeto vem contribuindo para transformar a realidade social desses jovens?

A maioria dos estudantes que ingressa no projeto vem de famílias pobres, de classes mais populares, e boa parte mora longe da Região Metropolitana do Rio, no interior fluminense. Em muitos casos eles se tornam os primeiros da família a ingressar no nível superior, logo depois de passarem pelo projeto, rompendo um ciclo de gerações sem acesso à universidade. É muito bom ver que o Jovens Talentos gera tantos impactos sociais positivos e realmente ajuda a transformar a vida deles. Hoje o projeto se tornou referência inclusive para inspirar a formulação de iniciativas de políticas públicas parecidas em outros estados do Brasil.

De que forma a FAPERJ vem dando suporte ao longo desses anos para o desenvolvimento das atividades do Jovens Talentos?

A FAPERJ tem exercido um papel fundamental, apoiando o programa desde a sua criação, e anualmente tem dado suporte ao projeto com o lançamento de editais específicos para ele. No momento, estão abertas até o dia 13 de maio as inscrições para o edital Jovens Talentos para a Ciência da FAPERJ, que vai permitir o ingresso de mais 700 bolsistas no projeto.   

 

 

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