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Publicado em: 13/10/2022 | Atualizado em: 27/10/2022

Turismo de base comunitária é negócio de aluna da primeira turma do Startup Rio

Paula Guatimosim

Localizada ao pé do Morro da Conceição, a Pedra do Sal, assim como toda a região no entorno da Praça Mauá, era conhecida como Pequena África, pela quantidade de descendentes africanos que lá  residiam (Fotos: Conectando Territórios)

Imagine proporcionar aos turistas experiências de imersão em comunidades típicas brasileiras, como quilombolas, caiçaras e indígenas, nas quais os próprios moradores elegem e organizam as atividades e prestem serviços aos visitantes. Isso é chamado Turismo de Base Comunitária, que busca conectar pessoas através de experiências únicas por meio do contato com os saberes e fazeres de comunidades tradicionais. Uma atividade que ainda contribui para a sustentabilidade local e manutenção dessas comunidades em seus territórios.

Essa foi a opção da turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, integrante da primeira turma (2013) do programa Startup Rio, uma parceria entre a FAPERJ e a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), criada há nove anos e que já investiu R$ 15 milhões nas cinco edições realizadas, totalizando a criação de 260 startups, em 12 cidades fluminenses. “Acho que sou uma das poucas participantes da primeira turma que manteve o projeto, no meu caso o Conectando Territórios”, diz Thaís. Desde 2010 e durante seu mestrado em Memória Social na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), pesquisando a comunidade do quilombo do Campinho da Independência, em Paraty, cidade do litoral sul do Rio de Janeiro, percebeu a falta de informação e a demanda reprimida para esse tipo de turismo “mais consciente e sustentável”.

A Conectando Territórios (http://conectandoterritorios.com.br/) nasceu em 2013 como uma agência de turismo, não só com o propósito de conectar pessoas à cultura de comunidades tradicionais, mas também para compartilhar  a cultura afro-brasileira, aliando educação, memória e história por meio também de workshops, diálogos e produções audiovisuais. Além do apoio da FAPERJ, Thais foi selecionada em 2017 para receber bolsa do programa ‘Líderes das Américas’, Young Leaders of the Americas Initiative (YLAI) do Departamento de Estado norte americano.

Thaís conta que durante a pandemia de Covid-19 as atividades foram exclusivamente virtuais, como o “Tour Virtual Pequena África” e também a possibilidade de incluir roteiros em outros estados, como o tour virtual em quilombos da Bahia. Foi também nessa época que ela começou a oferecer mentoria para novos empreendedores, o que, na sua opinião, é fundamental para quem está começando um negócio. Ela foi mentora do programa Academia de Mulheres Empreendedoras, da ONG Strong Together, mentorando jovens mulheres africanas e afro americanas e da USBEA Brasil, uma associação privada e sem fins lucrativos, criada para conectar e apoiar ex-alunos dos programas de intercâmbio patrocinados pelo governo dos Estados Unidos. Entre as alternativas produzidas pela agência durante o distanciamento social estão as webséries “Nzinga Mulheres Viajantes” (https://www.youtube.com/watch?v=L1l6aa3bOZI&t=1s), focadas em narrativas de mulheres negras; e as rodas de conversa como “Um corpo no mundo: Experiências de mulheres viajantes” que promove a troca de experiências entre mulheres que viajam sozinhas, em busca de novas experiências e trocas culturais. Outra websérie que possibilita aproximar cariocas da cultura afrobrasileira é a “Afrocarioca” (https://www.youtube.com/watch?v=ZzP0nUQX8Ds&t=2s) na qual a herança africana na cultura é mostrada em diversos bairros da cidade. 

Thaís Rosa Pinheiro participou da primeira turma do programa Startup Rio, quando criou a Conectando Territórios

Entre as opções de tour presencial, que atraem turistas estrangeiros e brasileiros, está o roteiro da “Pequena África”, região que inclui parte da zona portuária do Rio de Janeiro e dos bairros da Gamboa e Saúde. Ali, está viva a memória de comunidade remanescente de quilombos da Pedra do SalSanto Cristo, e outros locais habitados por escravizados alforriados e que de 1850 até 1920. Outra opção de passeio é no Quilombo do Grotão, em Niterói, uma comunidade tradicional, com mais de 70 anos de história, remanescente de resistência e valorização dos saberes e práticas ancestrais do povo negro na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Demais experiências podem incluir culinária afro-brasileira, visita a Casas de Farinha etc. A turismóloga explica que os pacotes são personalizados de acordo com os interesses do turista ou do grupo de visitantes, como os afro americanos, que, em geral, preferem uma imersão na cultura, culinária e música. Além de promover ações de divulgação, "Conectando Territórios" conta com agências parceiras internacionais e, principalmente, com indicações de quem usou o serviço.  

Atualmente, Thaís Rosa vem trabalhando o afroturismo com escolas e universidades, oferecendo roteiros e aulas focadas na cultura afro-brasileira. Ela também está prospectando apoiadores para o projeto “Mapa da Escuta”, que tem objetivo de preservar a memória – individual e coletiva – de bairros e regiões. “Nesses quase 10 anos foram muito desafios, mas, com certeza, o Startup Rio foi fundamental para a construção do site, para as primeiras ações de divulgação”, garante Thaís.

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