Débora Motta
O autor destaca que nos primeiros anos de vida o cérebro está se formando e fica mais vulnerável a condições adversas, como a desnutrição (Foto: Jcomp/Freepik) |
Os mecanismos de desenvolvimento do cérebro humano, especialmente no recém-nascido, são o tema do e-book “Desenvolvimento do Cérebro e seus Períodos Críticos: as bases neurais do desenvolvimento dos sistemas sensoriais motores e cognitivos”. Escrito pelo médico Claudio Serfaty, professor titular em Neurobiologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), o livro foi concebido como desdobramento do programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ. Com linguagem leve e didática, a obra atende, principalmente, professores da educação infantil e do ensino fundamental, além de profissionais da saúde que lidam com o desenvolvimento infantil. O e-book está disponível para download gratuito aqui.
O objetivo do livro é apresentar os fundamentos das Neurociências associados ao desenvolvimento do cérebro e sua relação com os transtornos do desenvolvimento na infância e na adolescência. “O livro é a minha contribuição, como Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, para suprir a lacuna de um material didático específico para professores do ensino fundamental e médio em Neurociências. Outros públicos também podem se interessar, como estudantes de graduação e de pós-graduação que entendam a necessidade de comunicar conhecimentos no campo das Neurociências”, acrescentou.
A obra explica como se dá o desenvolvimento do cérebro, como a estimulação impacta o aprendizado e a memória, e quais são os períodos críticos do desenvolvimento cerebral – da infância até a adolescência. “Nos primeiros anos de vida, o cérebro fica mais vulnerável a situações de estresse e a condições adversas, como a má nutrição, que afeta bastante o desenvolvimento cognitivo”, disse Serfaty. “A fome e a violência sofridas na primeira infância prejudicam muito o desenvolvimento cerebral, o que se torna preocupante se considerarmos o atual quadro de subnutrição no País”, destacou.
Ele, que coordena o Laboratório de Plasticidade Neural, na UFF, enfatiza que os primeiros anos de vida do bebê (fase pós-natal) são um período crítico para o desenvolvimento do cérebro humano. “É quando a interação da criança com o meio externo influencia a aquisição de habilidades e individualidades, além de influenciar o desenvolvimento cognitivo”, apontou.
Serfaty destaca a importância do livro didático como ferramenta para difundir a Neurociência entre professores (Foto: Divulgação) |
Nesse sentido, o e-book aborda os mecanismos que envolvem a formação dos circuitos neurais e o desenvolvimento sensorial, motor e cognitivo. A obra também destaca a importância de um ambiente estimulante para o aprendizado, o conceito de períodos críticos do desenvolvimento e a como se dá formação dos circuitos neurais funcionais.
O capítulo 1 conta “De que é feito nosso cérebro?”. O segundo capítulo aborda “O desenvolvimento do sistema nervoso central: a formação dos circuitos neurais”. O terceiro, “Períodos críticos do desenvolvimento do Sistema Nervoso Central”. O quarto, “Aprendizado e memória”. O quinto, “Plasticidade sináptica e a reorganização de circuitos neurais”. Já o sexto e último capítulo fala sobre “Distúrbios do desenvolvimento e seus mecanismos biológicos”.
“No capítulo final, iniciamos uma breve discussão sobre os principais mecanismos biológicos de alguns distúrbios do desenvolvimento que impactam os processos de aprendizado, socialização e performance cognitiva. É importante ressaltar que este material não pretende ser uma revisão detalhada desses fenômenos, tampouco deve ser usado para diagnóstico”, detalhou o pesquisador.
Serfaty ressalta que a Neurociência deve ser uma importante aliada na área da Educação. “A Divulgação Científica é uma ferramenta fundamental para difundir o conhecimento gerado nos laboratórios para a população em geral. É importante criar mais estratégias de difusão científica, inclusive nas Neurociências, voltadas tanto para a educação básica quanto para a superior, para que possamos acelerar o desenvolvimento social”, concluiu.