Débora Motta
Espaço multiuso do Labaciências, a ser inaugurado na Reserva Cultural: com atrações culturais e científicas, local será uma vitrine para a produção acadêmica em Niterói (Fotos: Divulgação/UFF) |
Utilizando a linguagem audiovisual como ferramenta para promover a popularização da Ciência, o Laboratório de Audiovisual Científico da Universidade Federal Fluminense (Labaciências/UFF) já reunia um amplo acervo virtual com filmes, podcasts, audiobooks e outros produtos voltados à Divulgação Científica. Agora, ele ganha um espaço físico estratégico, denominado Labaciências Cultural, localizado na fronteira entre a universidade (campus de Gragoatá) e a sociedade niteroiense, que será inaugurado no dia 15 de maio, a partir das 14h. O espaço fica no Reserva Cultural – complexo que reúne a Sala Nelson Pereira Santos, o maior auditório da cidade de Niterói, além de cinemas, restaurantes, galeria de exposições e lojas, no bairro de São Domingos. À noite, às 19h, será realizado um quiz sobre fatos científicos. O projeto recebeu apoio da FAPERJ, por meio do edital Programa de Educação Digital Inclusiva – Apoio às Instituições Públicas de Educação Superior.
“Este posicionamento estratégico permitirá ao Labaciências Cultural apoiar grandes congressos, promover o lançamento de livros, palestras, debates, exposições, realizar oficinas, cursos, mostras de cinema e cineclubes", justificou o coordenador do Labaciências, Luiz Antonio Botelho de Andrade. O biólogo adiantou que no dia da inauguração do Labaciências Cultural, que vai coincidir com o festival internacional de Divulgação Científica Pint of Science Brasil, será realizado, das 19h às 21h, um ‘Quiz of Science’, uma coleção de perguntas para o público sobre conceitos científicos. “A ideia é aproximar a Ciência da Arte, nesse espaço multiuso que será uma vitrine para a cidade de Niterói”, disse.
O Labaciências vem produzindo diversos filmes educativos e virtualizações de espaços científicos sediados no estado do Rio de Janeiro. Entre as produções audiovisuais, estão dois filmes que revisitam a descoberta da Doença de Chagas, dirigidos por Andrade, juntamente com o seu principal colaborador e diretor de fotografia, Felipe Xavier. O primeiro, intitulado Descoberta da doença de Chagas, quem foi que disse?, foi lançado em 14 de abril de 2021, Dia Internacional de Combate à doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. O segundo, Metálogo entre Chagas: Ciência e Sociedade, é um vídeo científico de animação, no formato stop motion, lançado em 2022, e conta a trajetória do médico sanitarista Carlos Chagas (1879-1934), responsável pela descoberta da doença.
Luiz Antonio Andrade: diretor de filmes que aproximam a sociedade da linguagem científica, o coordenador do Labaciências destaca a importância da inclusão social na divulgação da Ciência |
O projeto, que conta também com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), resultou na produção de diversos filmes da Série Educativa “Quem foi que disse?”, que abordam de forma leve temas como a origem da vida, a descoberta da genética por Mendel, a teoria da evolução de Darwin, a paleontologia, e a Síndrome de Down. Esse conteúdo está disponível no site do projeto, que também oferece artigos, resenhas, questões de aprendizagem, entrevistas, fotografias científicas, imagens de apoio e projetos de pesquisa.
À frente da Associação Brasileira de Diversidade e Inclusão (ABDin), Andrade destaca a importância de se pensar a Divulgação Científica a partir do prisma da inclusão social. “Trabalhamos pensando em incluir as pessoas cegas, com baixa visão, assim como as pessoas da comunidade surda, realizando e disponibilizando as traduções simultâneas dos conteúdos para a Língua Brasileira de Sinais”, citou o professor, que atua em dois programas de pós-graduação da UFF – o Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão (CMPDI/UFF) e o Doutorado em Ciências, Tecnologias e Inclusão (PGCTIn/UFF).
Andrade reforça que, em tempos de fake news e de questionamentos à credibilidade da Ciência, o papel da Divulgação Científica torna-se ainda mais indispensável. “A socialização do conhecimento cientifico é fundamental em momentos de ataque à diversidade e à Ciência. É a Divulgação Científica que propicia um entendimento maior da sociedade em relação aos trabalhos desenvolvidos nas universidades. As agências de fomento, como a FAPERJ, já entenderam essa importância”, concluiu.
Literatura, autismo e Saúde Coletiva serão temas dos congressos a serem apoiados em 2024 pelo Labaciências. No campo da Cultura, o Labaciências está participando da organização de uma homenagem ao escritor Pablo Neruda – a "Malacologia Poética de Neruda, em contextos de mudanças climáticas e culturais", juntamente com o Departamento de Biologia Marinha da UFF, o Instituto de Letras da UFF e o Consulado do Chile. Em termos científicos, o Labaciências apoia a realização do Congresso Internacional sobre Autismo, organizado pela professora Diana Negrão Cavalcanti, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biologia Marinha e Ambientes Costeiros da UFF, a ser realizado em julho, e outro congresso, sobre Saúde Coletiva, a ser realizado em 28, 29, e 30 de agosto, intitulado “Múltiplas vozes em defesas das vidas, Saúde Única, Arte Plural e Formação Humana”. A organização deste evento tem a participação do diretor do Instituto Saúde Coletiva da UFF, Tulio Franco, e do enfermeiro Victor Hugo Gomes Ferraz, membro do Labaciências.