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Publicado em: 06/11/2025 | Atualizado em: 06/11/2025

Projeto de educação ambiental na PUC-Rio mobiliza atores sociais pela preservação do Rio Rainha

Débora Motta

Em visita ao Parque da Cidade, guiados por Leandro Urso Santos, líder comunitário e vice-presidente da Associação de Moradores do local, estudantes de graduação de Geografia da PUC-Rio conheceram o Rio Rainha (acima) e discutiram os desafios para seu saneamento e preservação (Fotos: Divulgação)

O Rio Rainha, que corta o campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), na Gávea, tem sua identidade associada à própria história deste bairro. Para promover ações de educação ambiental e a recuperação e manejo desse recurso hídrico, que nasce no Maciço da Tijuca, atravessa a Gávea e deságua no canal da Rua Visconde de Albuquerque, no Leblon, pesquisadores da PUC-Rio criaram um projeto de extensão que envolve diversos atores sociais e a comunidade local. Trata-se do projeto Laboratório Vivo de Educação Ambiental e Sustentabilidade (Luvas).

“O Luvas surgiu em 2023, quando fomos motivados com o lançamento, pela FAPERJ, do edital Programa de Educação Ambiental: Capacitação e Ações de Lixo Zero em Lagoas, Manguezais e na Região Costeira”, contou a coordenadora do projeto, Agnieszka Ewa Latawiec, que também é professora do Departamento de Geografia e Meio Ambiente (GEO/PUC-Rio). A chamada, com previsão inicial de repasse de R$ 5 milhões, destina-se a apoiar projetos científicos dedicados ao desenvolvimento de pesquisas-extensão em Educação Ambiental, de capacitação e ações voltadas para alcançar a meta de lixo zero em lagoas e na região costeira fluminenses, valorizando ativos econômicos, sociais e a preservação ambiental da biodiversidade no território do estado do Rio de Janeiro.

O projeto articula esforços da academia (PUC-Rio e parceiros), do meio empresarial (Fundação Grupo Boticário) e do governo (FAPERJ, Secretaria do Ambiente e Sustentabilidade - SEAS, Prefeitura do Rio, Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia – SMCT, Fundação Rio-Água e Museu Histórico da Cidade), além da sociedade civil como o Comitê de Bacia da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara, o Instituto Francisco, o Instituto Fecomércio de Sustentabilidade, a Associação de Amigos e Moradores da Gávea - Amagávea e a Associação de moradores [da comunidade] do Parque da Cidade.

“Nosso objetivo é fazer confluir comunidade local, universidade, governo e setor privado para transformar a região do Rio Rainha em um modelo de desenvolvimento sustentável e de impacto positivo para o meio ambiente, a economia e a cidade do Rio de Janeiro”, completou a economista Ruth Mello, articuladora de parcerias do projeto Luvas e líder de inovação para impacto socioambiental da Vice-Reitoria de Desenvolvimento e Inovação da PUC-Rio.

Ao atravessar a Gávea, o Rio Rainha participa do ciclo das águas, influencia a vegetação, a fauna e até aspectos urbanos, como drenagem e microclima. Em parceria com o Departamento de Química da PUC-Rio e o Comitê da Bacia da Baía de Guanabara (gerido por Estado, Prefeitura e sociedade civil), será realizado um monitoramento da qualidade desse curso d’água. “Vamos monitorar os microplásticos presentes no Rio Rainha. Phelipe Marinho e Diene Miguel são os pesquisadores que, sob a supervisão do professor Renato Carreira, estão verificando o aporte, a distribuição e o destino da contaminação por microplásticos no curso do nosso rio. Estes microplásticos serão classificados de acordo com o tipo de material, por critérios como dureza, tamanho, cor e maleabilidade”, contou Daniela Neves, gestora da iniciativa. “Na nascente do rio, que fica no Parque da Cidade, na Rua Marquês de São Vicente, próximo da PUC, e no canal da Avenida Visconde de Albuquerque, estão sendo realizadas as análises dos pontos de interferência nas áreas já mapeadas pelo Comitê da Bacia da nossa Baía de Guanabara”, detalhou.

Realização da Oficina de Futuros no Centro Loyola: encontro reuniu lideranças do Parque da Cidade, professores, pesquisadores e agentes sociais. À dir., de camisa azul, a articuladora de parcerias do projeto LUVAS, Ruth Mello 

Outras atividades realizadas no âmbito do projeto Luvas são oficinas educativas e campanhas de conscientização ambiental. No dia 9 de julho, o Centro Loyola, no Alto da Gávea, recebeu a “Oficina de Futuros – Olhar coletivo para o Rio Rainha. O encontro reuniu lideranças do Parque da Cidade, professores, pesquisadores e agentes sociais. A iniciativa abre caminho para ações de educação ambiental, visto que escolas da Gávea começaram a visitar o Parque da Cidade para conhecer a bacia do Rio Rainha. Já a Escola Municipal Christiano Hamann, na Gávea, e a Escola Parque acolheram dinâmica similar com suas crianças e jovens. Esta atividade foi coordenada pela então mestranda em Ciência da Sustentabilidade pela PUC-Rio, Caroline de Albuquerque Neutzling. 

Na campanha “Abrace uma árvore”, realizada em 10 de novembro de 2024, a proposta foi uma reconexão social do homem com a natureza. “Ao motivar os transeuntes a abraçarem o tronco de uma árvore e escutarem sobre a história e importância do Rio Rainha, promovemos um experimento social na Lagoa e no campus da PUC”, disse Ruth.

O projeto também promoveu a Caminhada e Corrida do Rio Rainha, com direito a medalha. A ação, aberta ao público, foi coordenada pela oceanógrafa Manoela Barbosa, colaboradora do projeto, nas margens do canal da Avenida Visconde de Albuquerque. Depois de percorrerem o trajeto e observarem de perto trechos do Rio Rainha, os participantes formaram uma roda de conversa, em que discutiram a poluição e o lixo irregular ali despejados. Eles refletiram sobre a importância do rio para a comunidade.

Outro desdobramento do projeto Luvas será a formalização de uma disciplina de extensão curricular disponível para todos os alunos de graduação da PUC-Rio. “Ano que vem, vamos formalizar o Luvas como um programa de extensão da PUC-Rio. Estamos alinhados com a Vice-reitoria de Extensão e Estratégia Pedagógica para o acolhimento desta proposta de disciplinas extensionistas, como a ‘Métodos e técnicas de pesquisa em Geografia’, da professora Agnieszka, e da ‘Neurociência comunitária’, que eu leciono na PUC-Rio”, disse Ruth. Precisamos revisitar as práticas extensionistas na universidade, criando laços dialógicos e profundos com a sociedade. As disciplinas de Extensão, por obrigatoriedade do MEC, devem compreender ao menos 10% do currículo de todos os cursos de graduação, e o Luvas está fazendo parte dessa história.”

Outra atividade realizada pelo projeto LUVAS foi a campanha Abrace uma Árvore, para promover a conscientização ambiental dos transeuntes na Lagoa Rodrigo de Freitas

Também participam da equipe do projeto Luvas: a engenheira civil e professora Ana Cristina Carvalho; a engenheira e advogada, vice-presidente do Comitê da Bacia da Baía de Guanabara, Adriana Bocaiúva; a advogada indígena da etnia Pataxó, Wilza Neves; a assistente social Lídia Mello; a cientista e professora Ailim Schwambach; o geógrafo Alex Archer Marques Gomes; a assistente social e teóloga Anne Ramiro; a arquiteta e urbanista do Instituto Fecomércio de Sustentabilidade, Erika Laursen; o designer e professor Gilberto Mendes; o geógrafo Glaucio Marafon; o graduando em Sociologia e liderança comunitária Felipe Luther; o engenheiro químico da Fundação Rio Águas, Daniel Hoefle; o líder da comunidade Vila Parque da Cidade, Leandro Urso; a arquiteta e urbanista e professora Raquel Cruz; a graduanda em Administração Sara Pimenta; a engenheira civil Helena Gottschalk; o designer João Pedro Bittencourt; a bióloga e educadora ambiental Lucia Souza; advogada ambiental Eduarda Martins de Oliveira; a estudante de Engenharia Química Stephanie Abdala; o administrador e professor Marcos Cohen; a antropóloga social e cultural Camille Ibarroule, dentre outros que têm acolhido ao chamado do grupo no sentido de contribuir em favor da educação ambiental e do bem-estar da sociedade.

Breve história do Rio Rainha

O Rio Rainha nasce na Ponta das Andorinhas – um dos picos da Serra da Carioca, no Maciço da Tijuca – e corta a Gávea em rumo paralelo à Rua Marquês de São Vicente, a principal rua do bairro, desaguando no canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon. Antes de ser Rainha, o rio era chamado de Branco. Até a década de 1920, ele desaguava na Lagoa Rodrigo de Freitas. No governo do prefeito Carlos Sampaio (1920-22), quando foram feitas canalizações dos rios da Serra da Carioca, seu destino passou a ser o canal da Avenida Visconde de Albuquerque.

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