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Publicado em: 15/08/2024 | Atualizado em: 15/10/2024

Projetos do Agro e iniciativas de impacto social ganham vitrine na RIW

Marcos Patricio e Paula Guatimosim

Resultados de pesquisas na área do Agro, que receberam apoio da FAPERJ, foram apresentados pelas pesquisadoras e empreendedoras (a partir da esq.) Andressa Campos, Aline Carolino, Cássia Bucher, Mariana Collodetti, Sandy Videira, Mariá Moraes (Foto: Paula Guatimosim)

As palestras da manhã da quarta-feira,14 de agosto, no estande da FAPERJ montado na 4ª Rio Innovation Week, foram dedicadas aos projetos no setor do agronegócio. Além do Analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Solos, Fernando Samary, todas as demais palestrantes, representando startups apoiadas pelo edital Doutor Empreendedor, da FAPERJ, eram mulheres.

O engenheiro agrônomo Fernando Samary apresentou o Polo de Inovação Tecnológica do Agronegócio no RJ (PitecAgro), viabilizado com recursos da FAPERJ para este fim. “A Fundação conseguiu vislumbrar o potencial do agro do Rio de Janeiro”, afirmou Samary. O PitecAgro, elaborado a partir de uma construção participativa,  pretende unir e fortalecer o setor, carente de sinergia. Três empresas de consultoria deram suporte nas áreas jurídica, estratégica e da plataforma, já que a ideia é focar no ambiente virtual. Mais de 20 instituições e atores do ecossistema ajudaram a desenvolver o projeto, que será um elo na busca da superação dos desafios do setor e na garantia da segurança alimentar. O PitecAgro pretende promover a inovação aberta e sustentável, estimular a cultura empreendedora, gerar impacto socioambiental e valorizar os produtores. Samary informou que a plataforma virtual já está em desenvolvimento e em seguida entrará em operação. Para atingir o público alvo, está prevista uma estratégia de comunicação específica para produtores,  empresas e startups do agro.

A zootecnista Mariá Moraes, fundadora e CEO da Seed4Seed, contemplada na primeira edição do edital Doutor Empreendedor, aposta no mercado de análise de sementes. Segundo ela, a forma arcaica (manual) ainda utilizada na seleção de sementes e a falta de controle de qualidade acarreta prejuízo anual de R$ bilhões só na cultura da soja. O mercado mundial de sementes de soja movimenta US$63 bilhões por ano e no Brasil R$40 bilhões. Mirando nesse enorme potencial, Mariá e sua equipe desenvolveram o I4SEED, primeiro aplicativo para automação e controle da qualidade de sementes. Basta que as amostras de sementes sejam colocadas dentro do Seed Box para que a fotografia seja feita em ambiente controlado, e depois a imagem enviada para o aplicativo. Mariá garante que a IA aliada ao know-how em tecnologia de sementes assegura uma análise rápida, confiável, padronizada e passível de rastreabilidade. Mestre, doutora e pós-doutora em Produção Vegetal, Mariá atribui à FAPERJ grande parcela da sustentabilidade de sua empresa, que já teve oito projetos aprovados para fomento, dos quais cinco por editais da Fundação. “Nada disso seria possível sem o apoio das instituições que acreditaram no nosso projeto”, finaliza a zootecnista, que acredita no potencial do estado do Rio de Janeiro não só para o agronegócio em geral, mas especificamente para a soja. Tanto que em julho deste ano o Porto do Açu, localizado em São João da Barra (norte fluminense), embarcou a primeira partida de soja produzida no estado para exportação. 

A biomédica Mariana Collodetti Bernardino, sócia fundadora e CEO da Startup TolVeg, desenvolve alternativas sustentáveis para o agronegócio brasileiro a partir de ativos capazes de induzir a tolerância a doenças, além de promover o desenvolvimento de diferentes culturas. Ela informou que o estado do Rio de Janeiro é responsável por 70% da produção brasileira de maracujá, mas que nos últimos anos os produtores estão cada vez mais desestimulados devido à incidência de pragas e doenças na cultura, em especial a virose do endurecimento dos frutos, que pode provocar perda de 60% da produção. Mariana apresenta ao mercado o Hariman, produto orgânico e sustentável,  testado em diversas culturas atacadas por vírus, com ótimos resultados no maracujá. O case de sucesso foi em uma lavoura do município de Brumado, no interior da Bahia. As glebas que não receberam o Hariman produziram 50 a 60 frutos por planta e as que foram pulverizadas com o produto alcançaram produtividade de 110 a 120 frutos por planta, elevando a renda do produtor de R$40 mil para R$70 mil por hectare. Mariana aposta no crescimento do mercado de bioinsumos e ressalta que além de atuar na doença, o Hariman estimula o crescimento da planta. De acordo com a pesquisadora, seu principal desafio agora é escalonar a produção, registrar o produto no Ministério da Agricultura e testar novos ativos para o controle de doenças em citros.

Fernando Samary: pesquisador da Embrapa Solos detalhou como está sendo construído o Polo de Inovação Tecnológica do Agronegócio no estado do Rio de Janeiro (Foto: Paula Guatimosim)

O Brasil sempre foi dependente da importação de lúpulo para a produção de cerveja. Esse que é um dos três principais insumos para a indústria, foi escolhido como cultura foco de estudo da startup Biohop. Incubada na UFRRJ, a empresa trabalha para atender a crescente demanda por esse produto de alto valor agregado. Com o lema “Biotecnologia do laboratório ao campo”, a empresa pretende contribuir para o controle de pragas, produção de mudas, aumento da produtividade e redução de custos de produção do lúpulo em solo brasileiro. Com recursos do programa da FAPERJ, Cassia Bucher estruturou uma biofábrica, onde ela cultiva mudas de lúpulo in vitro e desenvolve variedades adaptadas ao clima tropical, além de prestar assistência técnica para os interessados em iniciar o cultivo. A equipe da Biohop, composta por cinco pesquisadores, todos apoiados por editais da FAPERJ (nos anos de 2021, 22 3 23) também conta com nove bolsistas (cinco também apoiados pela Fundação), espera faturar R$1 milhão nos próximos dois anos. Para tanto, vem investindo não só na captação de clientes, mas também na busca de parceiros. 

A agrônoma Sandy Videira admite que tem uma obsessão: acabar com a fome no mundo. Segundo pesquisas, em 2023, o Brasil ainda tinha 21,6 milhões de domicílios com algum grau de insegurança alimentar. Ela elegeu o cogumelo, uma fonte alternativa de proteína, como opção de alimento para famílias de baixa renda. Sandy doa parte da sua produção para um projeto social que distribui quentinhas à população vulnerável. Mas como fazer essa cultura ter baixo custo? Sua equipe de cinco pesquisadores, quatro dos quais apoiados pela FAPERJ, implantou um laboratório de biotecnologia para produzir os micélios e sementes do cogumelo. Eles também cultivam plantas para terem autonomia na produção de substrato, a base para a semeadura. Com isso, conseguiram reduzir em 30% o custo de produção, mas a meta é ter custo 60% menor. Como o cogumelo é perecível, a empresa, que também oferece curso de capacitação, está desidratando o produto a fim de ganhar mais “tempo de prateleira”. O substrato exaurido (pós-cultivo) também é reaproveitado como composto orgânico ou para gerar bioenergia, fechando o ciclo da economia circular. 

A engenheira agrícola e ambiental Andressa Campos foi estagiária da Sucellus Agroambiental, mas, nesta quarta ela estava representando a empresa. Iniciou sua apresentação com os dados sobre o agro no RJ, que agrega 40 mil famílias de pequenos e médios produtores. “Acreditamos que a tecnologia contribui para aumentar a produtividade no campo, promovendo a sustentabilidade e renda”, afirmou. A Sucellus presta serviço de inteligência agroambiental através da digitalização da agricultura, mapeamento aéreo e geoprocessamento, monitoramento de parâmetros de solo e clima e gestão financeira rural a produtores. A partir do diagnóstico da propriedade, a empresa oferece serviço via aplicativo, seja pontual ou contínuo (por meio de assinatura). Para Andressa , programa Doutor Empreendedor agrega vários benefícios como disponibilização de recursos, ampliação da rede de contatos, suporte na infraestrutura e instalações, maior visibilidade e credibilidade. 

Um inseticida biológico à base de fungo foi desenvolvido pela bióloga e doutora em Entomologia Aline Carolino, na Entomotec, empresa incubada na Tec Incubadora, na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). O grande diferencial e vantagem do Bovekill é o fato de o produto ser capaz de controlar pragas em todas as fases de desenvolvimento dos insetos (ovo, larva, pupa e adulto). Além disso, os pesquisadores ainda conseguiram agregar capacidade termorreguladora ao bioinseticida, o que é benéfico para minimizar os efeitos da insolação nas lavouras. Alternativa aos defensivos químicos, que tanto prejudicam o meio ambiente quanto o homem, o bioinseticida é produzido a partir de cepa exclusiva de fungo e possui ação seletiva de micro-organismos, atacando apenas as pragas-alvo. Com registro solicitado ao Ministério da Agricultura, a empresa, composta por quatro pesquisadores e dois colaboradores, foi contemplada pelo programa Doutor Empreendedor e pelo programa de apoio ao agronegócio fluminense. 

Projetos sociais exitosos

No período da tarde as apresentações foram dedicadas às iniciativas de impacto social apoiadas pela FAPERJ.O empreendedor social Marcelo Santos falou sobre a experiência do Óleo no Ponto/Sabão do Morro, projeto idealizado por ele e em operação desde 2022, na Rocinha. A equipe recolhe óleo de cozinha em restaurantes e estabelecimentos dos bairros vizinhos e transforma o líquido e outros insumos em uma linha de produtos de limpeza. Eles são vendidos a preços sociais e 30% do faturamento é destinado ao pagamento das dez mulheres da comunidade que trabalham na fabricação dos produtos. Os outros 70% são reinvestidos no projeto e usados para a compra de insumos. “O projeto impacta a comunidade de várias formas. Na educação ambiental, por meio do descarte correto do óleo; na qualificação dos participantes, que recebem treinamento; e com a geração de renda”, explicou Marcelinho do Ciep, como é conhecido. Segundo ele, a expectativa é fechar 2024, com 40 mil litros de óleo recolhidos, o que equivale a 1 bilhão de litros de água que deixam de ser contaminados. 

A Rocinha também abriga o Projeto Pista (Parque de Inovação Social, Tecnológica e Ambiental), que foi o tema da segunda apresentação. Léo José, coordenador do projeto, falou sobre a iniciativa que está na fase final de implantação. O Pista é um dos projetos apoiados pelo programa Favela Inteligente em Apoio às Bases para o Parque de Inovação Social e Sustentável na Rocinha, lançado pela FAPERJ em 2021. A proposta do Pista é usar a inovação social como forma de solucionar os problemas da comunidade. O trabalho envolve cinco unidades: um escritório de projetos e negócios; uma unidade geradora de negócios, que inclui incubadora e cooperativas; um laboratório vivo de experimentação (living lab) e o observatório (laboratório de saberes). “A favela possui uma base de conhecimentos que nem sempre é aproveitada de forma conveniente”, destacou Léo José. 

Na sequência, o estande da FAPERJ abriu espaço para uma mesa-redonda sobre empreendedorismo social, promovida em parceria com o programa Shell Iniciativa Jovem (IJ). O encontro, mediado por Daniela Balog, assessora da Diretoria de Tecnologia (DT) da Fundação, contou com as participações de Diogo Oliveira, do programa de aceleração de empresas da Shell; de Lucas Chiabi, criador da empresa Ciclo Orgânico; e José Adolfo, sócio da Carbonair Energy. Os convidados abordaram questões como as dificuldades do empreendedorismo social, seus trabalhos, e as iniciativas de mentoria e apoio a novas empresas. 

O empreendedorismo social foi tema de debate mediado por Daniela Balog (à dir.), assessora da Diretoria de Tecnologia da FAPERJ, Lucas Chiabi, da Ciclo Orgânico, José Adolfo, representando a Carbonair Energy, e Diogo Oliveira, da Shell Iniciativa Jovem (Foto: Marcos Patrício)

Logo em seguida, os dois empreendedores falaram especificamente sobre seus trabalhos. Lucas Chiabi apresentou as atividades da Ciclo Orgânico, criada há 9 anos, e que faz compostagem de resíduos orgânicos para produção de adubos. Apoiada pela FAPERJ, a Ciclo possui atualmente 4.600 clientes, entre residências, restaurantes e empresas, que pagam uma assinatura mensal para o recolhimento de resíduos. São realizadas 13 mil coletas e transportadas 10 toneladas por mês. 

José Adolfo, da Carbonair Energy, falou sobre as estratégias da empresa pioneira no Brasil no desenvolvimento de tecnologia para captura de carbono. A Carbonair tem apoios dos programas Doutor Empreendedor e Pesquisador na Empresa, da FAPERJ. A Deep tech, que surgiu em 2019, no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, já captou cerca de R$ 1 milhão, que estão sendo investidos em capacitação e na escalabilidade da tecnologia. 

Em seguida, a CEO do Instituto Galzu de Pesquisa, Ensino, Ciência e Tecnologia Aplicada, Paula Cabral, falou sobre as atividades da instituição, dedicada a atuar na interface da pesquisa até a sua aplicação prática na área da Saúde. Criado em 2017 e localizado no município de Campos, o instituto não tem fins lucrativos e é formado por uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, biólogos, pesquisadores e empreendedores. A instituição tem parcerias com a FAPERJ, a Embrapii, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e a Universidade de Hokkaido, entre outras. 

O segundo dia de apresentações no estande da FAPERJ foi encerrado com o lançamento do livro “Trilhas formativas na docência da educação profissional e tecnológica”, uma coletânea de artigos de alunos do curso EAD de Especialização Lato Sensu em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica, do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), campus Engenheiro Paulo de Frontin (RJ). Saiba mais sobre a obra na Seção de Notas do Boletim da FAPERJ.

Projetos apoiados pelo edital "Doutor Empreendedor" já foram tema de vídeos do Canal da FAPERJ no YouTube. Clique e confira: Startup Tolveg desenvolve bioestimuladores que ajudam a diminuir o uso de agrotóxicos

Leia mais sobre as apresentações que aconteceram no estande da FAPERJ: Inovação na indústria é tema do 1º dia de palestras no estande da FAPERJ

 

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