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Publicado em: 01/11/2023 | Atualizado em: 08/11/2023

Cenabio/UFRJ inaugura plataforma de criomicroscopia eletrônica

Marcos Patricio

Modelo Cryo-FIB SEM Acquilos 2, de duplo feixe, para o estudo de lâminas com amostras congeladas: no hemisfério Sul só há uma estrutura semelhante, na Austrália (Foto: Marcos Patricio)

O Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), inaugurou nesta quarta-feira, 1º de novembro, em sua sede, na Cidade Universitária, uma plataforma de criomicroscopia eletrônica de última geração. O novo setor, implantado com recursos da FAPERJ e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), tem capacidade para determinar a estrutura tridimensional de proteínas isoladas, complexos proteicos, vírus e componentes intracelulares. Os estudos a serem desenvolvidos devem resultar em contribuições para as áreas de biotecnologia, farmacologia e medicina de precisão.

Técnica avançada de microscopia, usada no campo da biologia celular e estrutural, a criomicroscopia trouxe avanços para o estudo de moléculas e complexos de moléculas. O criomicroscópio trabalha com as amostras das estruturas moleculares e celulares congeladas a temperaturas criogênicas, ou seja, muito baixas. Desta forma é possível obter a visualização, em alta resolução, dessas estruturas em condições nativas. O mais próximo do estado in vivo.

Com a criomicroscopia, os pesquisadores poderão avançar no estudo das interações celulares, indo em direção à chamada sociologia molecular. “Com o auxílio desses novos equipamentos será possível observar o comportamento da molécula dentro da célula. Será possível observar as moléculas dentro do seu ambiente e a interação entre elas e outras estruturas”, explica Kildare Rocha de Miranda, vice-diretor do Cenabio e diretor da Unidade de Microscopia Avançada (UMA), setor onde a nova plataforma foi instalada.

A tecnologia possibilita a obtenção de imagens de alta resolução de moléculas biológicas, vírus, células e até mesmo de tecidos inteiros. A técnica é fundamental para o entendimento de processos biológicos em nível molecular. O presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, destacou a importância da criomicroscopia para a medicina. “A tecnologia de criomicroscopia eletrônica é o que há de mais avançado no mundo, na área de determinação de estruturas, inclusive de estrutura atômica, em alta resolução. Ela atende a dois propósitos: um é a determinação de estruturas em solução, como foi o caso, por exemplo, da determinação, em tempo recorde, da proteína da espícula do vírus da Covid-19. O outro é que essa técnica, que ainda está em evolução, traz a possibilidade de determinar estruturas dentro da célula e em tecidos. Isso é um avançado único porque em muitas das questões da medicina, como por exemplo na área de câncer e de doenças neurodegenerativas, é importante saber o que está acontecendo dentro do ambiente celular e poder escolher os alvos para desenvolver novas terapias”, explicou Jerson Lima, durante o evento de inauguração.

A diretora Científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, enfatizou a importância dos estudos que poderão ser realizados na plataforma para o desenvolvimento de vacinas para uma série de doenças. “O Brasil é um dos países que ainda está engatinhando em direção a ter uma vacina para Covid-19. O País tem Zika, Dengue e todas as doenças infecciosas que precisam ser tratadas. São doenças que acometem pessoas de baixo nível econômico e os grandes laboratórios não têm muito interesse em desenvolver vacinas para essas doenças”, explicou.

Presente à inauguração, o secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luis Manuel Rebelo Fernandes, também destacou a importância da nova estrutura. “É uma infraestrutura de pesquisa avançada com aplicações variadas, sobretudo na área da saúde, e é parte de um esforço de equipar as instituições de Ciência e Tecnologia do Brasil, no caso a UFRJ, que é a principal universidade pública do País, com equipamentos laboratoriais que possam colocar as pesquisas aqui realizadas na fronteira do conhecimento mundial. É uma iniciativa muito importante. É fruto de uma parceria indireta entre o Governo Federal, porque investimentos em infraestrutura de pesquisa através do FNDCT, e o Governo do Estado, por meio da FAPERJ. Parceria essa que vai render muito mais frutos para a Universidade”, destacou.

A partir da esq., em primeiro plano, Jerson Lima; Luis Fernandes; o subsecretário estadual de C,T&I, Edgard Leite; Wanderley de Souza e o chefe de gabinete da presidência da Finep, Fernando Peregrino (foto: Marcos Patricio) 

A plataforma tem uma configuração única na América Latina e é composta por dois criomicroscópios importados da Holanda. Um do modelo Thermo Físher Scientific de quarta geração (TFS Krios G4), com câmera de detecção direta de elétrons, filtro de energia e placas de fase (ver foto publicada na capa deste 'Boletim Faperj'). E um outro, do modelo Cryo-FIB SEM Acquilos 2, de duplo feixe, para o estudo de lâminas com amostras congeladas, para serem observadas e analisadas pela técnica de criotomografia. No hemisfério Sul só há uma estrutura semelhante na Austrália.

“Essa combinação entre os dois equipamentos é que faz da plataforma o mais completo centro de criomicroscopia do Brasil”, explica Miranda. A FAPERJ repassou cerca de R$ 30 milhões ao Cenabio para a implantação da estrutura. Foram investidos R$ 24 milhões na aquisição do TFS Krios G4 e na construção do prédio que recebeu os equipamentos, dotado de sistema anti-vibração, isolamento acústico e eletromagnético para garantir a precisão do resultado dos estudos. Os recursos são oriundos do Programa Fronteiras da Ciência da FAPERJ. Foram concedidos também R$ 6 milhões, aproximadamente, para a aquisição do Acquilos 2.

As informações que serão obtidas com os novos equipamentos e com outros já instalados na Unidade de Microscopia Avançada do Cenabio permitirão a identificação de diferentes alvos para uma série de enfermidades, como as doenças infecciosas e neoplasias. “As aplicações abrangem o tratamento de doenças infecto-parasitárias, neurodegenerativas e de alta prevalência. Com a nova plataforma será possível chegar a diagnósticos mais precisos e, sobretudo, fortalecer essa nova era de medicina de precisão, com o tratamento certo, para o paciente certo, no momento certo e com a terapêutica certa”, afirmou o diretor do Cenabio, Adalberto Vieyra. 

O Cenabio/UFRJ é um centro de equipamentos multiusuários, voltado à Biologia Estrutural, aberto a pesquisadores de instituições do Brasil e do exterior, que necessitem de modernas tecnologias de imageamento para seus projetos. A nova plataforma também ficará disponível a todos, mas o agendamento para usá-la deverá ter o aval de um conselho gestor, que será presidido pelo professor Wanderley de Souza, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ). 

"A plataforma é aberta e, portanto, pode receber propostas de projetos os mais variados, que passarão pelo conselho gestor. O conselho será composto por pessoas do próprio Cenabio e de outras instituições, como a Fundação Oswaldo Cruz", explicou Souza, que é um dos fundadores do Centro, que completou 10 anos de atividade em fevereiro de 2023.

Em 2022, as atividades desenvolvidas no Cenabio foram tema de um vídeo do canal oficial da FAPERJ no YouTube, que você pode conferir em: https://www.youtube.com/c/faperjoficial . Saiba mais sobre o Centro em: https://faperj.br/?id=270.7.6

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